Arselectronica é um enorme centro fundado em 1979 na Áustria que trabalha criando e explorando as interações entre arte, tecnologia e inovação. Na verdade, Arselectronica é muito mais do que um centro, é uma multiplicidade de coisas:
- é um museu em Linz, aberto o ano todo;
- é um festival que acontece um vez por ano e que esse ano aconteceu neste segundo fim de semana de setembro 2018;
- é um laboratório interdisciplinar para pensar projetos futuristas que trazem novas relações entre arte, sociedade e tecnologia;
- é um prêmio que valoriza a arte digital.
Esse último fim de semana, aconteceu o festival anual do Arselectronica. Esse ano o tema foi “Erro – a arte da imperfeição” e reuniu artistas, cientistas, engenheiros, designers, ativistas, empreendedores, futuristas. Todos juntos para pensar as atuais interdependências tecnológicas, artísticas e sociais e suas possíveis manifestações futuras.
Em que momento um erro se torna uma anomalia, uma falha e o que o torna uma célebre fonte de idéias e invenções sem precedentes?
O festival se abriu em enormes e importantes discussões:
- sobre as derivações do mundo digital, as decepções causadas por vários caminhos tomados contra a privacidade e a democracia individual e global;
- sobre a nossa sociedade ávida por perfeição a todo custo e rapidamente (e como essa obsessão é limitadora);
- sobre ecologia, ciência, medicina e nossos erros;
- sobre a importância da imperfeição que nos ensina a superação, a resiliência, a criatividade e o potencial de explorar novos caminhos.
Com uma intensa programação o festival contou com inúmeros eventos: exposições e projeções, palestras e mesas-redondas, shows e performances. Teve ainda, animações, visitas guiadas, áreas de interação que iam desde projetos a serem feitos juntos a mesas de costura para uma pausa. A minha parte favorita do festival é a área “U19 – Criando o Mundo”, com projetos de jovens de no máximo 19 anos! Alguns exemplos de trabalhos expostos nesse espaço:
- bug-TV: uma menina que criou um teatro performance para pensar e discutir a TV do futuro;
- Movingshapes: um grupo de jovens que desenvolveu uma instalação digital que transforma os movimentos do corpo em arte digital.
Outro momento interessante foi o show de dança e música com robôs. Aliás, como sempre, a robótica, a inteligência artificial e a realidade virtual estavam presentes ao longo de todo o festival e nos mais diferentes projetos, incluindo os que lidavam com ecologia e natureza. Interessante também notar as inúmeras colaborações, entre escolas e faculdades de diferentes países, entre iniciativa privada e pública, entre seres humanos de diferentes áreas e culturas.
Termino o festival, e o post, com uma sensação boa ao ver esses projetos todos que ressaltam a empatia, a curiosidade, a vontade de (re)aprender e a esperança no futuro. E uma sensação que essas oportunidades de crescimento, e desenvolvimento, só são possíveis com vontade política de investimento público e diálogo.