Essa semana continuamos nossas considerações sobre o festival de fotografia de Arles, no Sul da França, que acontece durante os meses de julho, agosto e setembro de 2018. Para quem não leu o primeiro post sobre o tema, basta clicar aqui.
Na enorme profusão de exposições deste ano, destaco algumas que causaram alvoroço na primeira semana de abertura:
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Jonas Bendiksen na Igreja Sainte-Anne
Fotojornalista norueguês, membro da Magnum, Jonas apresentou seu mais recente trabalho, “O último Testamento”, sobre 7 homens ao redor do mundo que se consideram o próximo Messias. Com textos claros, diretos e honestos, Jonas discute os limites da fé, da religiosidade e do ser humano. Em um mundo que parece desesperado por redenção, Jonas segue os novos profetas e seus diferentes caminhos rumo à salvação. O fotógrafo viaja ao Japão, África, Rússia, Inglaterra, Brasil e Filipinas. São vidas fortes, histórias interessantes e imagens de uma realidade às vezes surrealistas mas que são feitas com atenção e dignidade em relação ao objeto fotografado.
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Paul Graham na Igreja des Frères Prêcheurs
Paul Graham entra esse ano como parte do programa do Festival de Arles 2018 que homenageia os Estados Unidos (cada ano um país é escolhido). Suas três séries apresentadas foram feitas nos EUA: Noite Americana (1998–2002), Uma faísca de possibilidade (2004–2006) e o Presente (2009-2011). Em uma montagem extremamente cuidadosa, de grandes formatos colocados quase no chão, descobrimos sua narrativa americana sobre as diferenças sócio-econômicas, suas dificuldades e suas divisões culturais. Através de detalhes, rostos, paisagens, duplas exposições, suas sequências fotográficas desvelam o urbano e seus contrastes menos aparentes.
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William Wegman no Palácio do L’archevêché
Wegman é um dos grandes homenageados desta edição, com uma bela exposição no centro do Festival de Arles. Fotógrafo americano, conhecido por suas imagens dos cachorros Weimaraners, Wegman expõe suas impressões polaroids em grande formato: objetos lindos em si. São imagens divertidas e leves, que utilizam muito bem a cor e criam uma relação imediata com a o cão. Aqui o lúdico e a composição transformam e exploram o mundo animal e o próprio ser humano.
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Raymond Depardon no Espaço Van Gogh
Numa belíssima exposição, de montagem impecável e cor azul forte destacada, passamos pelos clichês que o grande fotógrafo francês fez dos EUA entre 1968 e 1999. São tiragens clássicas, em preto e branco, de cenas urbanas, fazem parte de um fotojornalismo tradicional de muita importância para a fotografia. Um mestre que ainda causa boas surpresas e comentários positivos do público.
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Ann Ray na Fundação Luma
Enorme espaço expositivo, a Fundação Luma, um pouco fora do centro, tráz uma grande parte das exposições do Festival. Para quem gosta de moda, a fotógrafa Ann Ray nos revela o universo do estilista Alexander McQueen. Amigos durante mais de 10 anos, Ann tem acesso livre a todos os bastidores dos desfiles, desde a concepção dos primórdios de uma coleção, até os momentos clímax da passarela e da apresentação das criações. São imagens esteticamente bonitas, trabalhadas e suaves, misturando no ponto certo fotógrafa, criação e criador.
*a maioria das exposições fica em cartaz até dia 23 de setembro de 2018.
1 comentário
Interessantíssimo o trabalho do Jonas Bendiksen! Em tempos de falsos profetas, todo cuidado é pouco!