Há mais de 10 anos promovendo a fotografia brasileira, o FotoRio chega em sua décima edição em um ano particularmente difícil. Ano de enorme crise econômica e política, sobretudo no estado do Rio de Janeiro, o Festival Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro sobrevive a duras penas, graças ao apoio de artistas, instituições, técnicos e equipe; numa ação coletiva de ajuda mútua, criatividade e jeitinho. Dos patrocinadores privados pouco se ouviu falar, patrocínio público então, nenhuma ajuda, nenhum gesto que demonstre, como sempre, a importância da cultura no Brasil.
O FotoRio é um movimento de fotógrafos que atua como agente aglutinador, estimulando a exposição e a discussão de trabalhos históricos e contemporâneos da fotografia brasileira e internacional.
Em poucas palavras, desde sua primeira edição em 2003, em média mais de 400 fotógrafos são mobilizados cada ano em eventos como exposições, mesas redondas, projeções e intervenções urbanas, cursos, seminários, oficinas, palestras e conferências, leituras de portfólio. Em 10 edições, o FotoRio criou uma parceria com a MEP – Maison Européenne de la Photographie – e seu diretor Jean-Luc Monterosso, apresentou grandes fotógrafos internacionais como Henry Cartier Bresson, Helmut Newton, Martine Franck, Graziella Iturbide, Jean Jacques Moles e outros inúmeros fotógrafos brasileiros como Ana Carolina Fernandes, Rogério Reis, Bruno Veiga, José Diniz, Carlos Vergara… O FotoRio abriu espaço para os jovens fotógrafos também, seja nas leituras de portfólio ou em exposições como a coletiva Ser Carioca de Luz em 2015, trabalhou com o MAR, o CCJF, o CCC, o centro Helio Oiticica, o Museu de Belas Artes, a Casa Laura Alvim, o Instituto Kreatori, e praticamente todos os grandes centros culturais do Rio. São muitas histórias.
Fora o Encontro de Inclusão Visual, evento pioneiro que proporciona um questionamento, um aprendizado e inúmeras trocas de experiências entre diversos projetos que utilizam a fotografia como instrumento de inclusão social em comunidades populares. O encontro reune coordenadores, alunos e monitores de diversos projetos do Brasil e do exterior para apresentar seus trabalhos, suas formas de organização, suas dificuldades e suas experiências individuais. São inúmeros os projetos que contribuíram nesse rico diálogo, como o Mão na Lata, projeto de alfabetização visual para deficientes visuais, o Inclusão Digital para Jovens Protagonistas, de Realengo, Viva Favela, Nós do Morro, Fotoativa, FotoLibras, entre muitos outros.
Mas nada disso parece importante para os investimentos – privados e públicos – por tantos motivos que todos sabem. O FotoRio não é o único a perecer nesse país pouco fiel a sua cultura e seus empreendedores culturais. Mas chega de lamentações, pelo menos nesse espaço a cultura é valorizada. E com crise e sem dinheiro, o FotoRio já estreou mais de 10 exposições pelo Rio de Janeiro, no Ateliê Oriente dia 12.05, com a exposição “Me chamo kiki e estou aqui prestes a lhe conhecer”, de Mayra Rodrigues, no CCJF, dia 17.05, com uma coletiva de 8 exposições e dia 19.05 no Ateliê da Imagem com uma palestra da fotógrafa Nana Moraes.
Para quem está ou passará pelo Rio entre junho e julho, não perca, serão várias exposições em diferentes instituições culturais, além de um ciclo de debates sobre mulheres e fotografia no Centro Cultural dos Correios, o Encontro de Inclusão Visual no final de junho e as leituras de portfólio dias 6 e 7 de julho.
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