Falar de uma arte africana é complicado, a África engloba 54 países com histórias e culturas diferentes. No norte do continente, por exemplo, existe uma influência árabe, já na parte sub-saariana existe uma forte influência tribal. É difícil falar de uma mesma arte para tantas narrativas.
Fora do continente, a fotografia africana tem pouco espaço. O público internacional em geral tem uma certa dificuldade em acessar e as vezes também em entender o contexto dessas imagens. Muitos artistas contam histórias distantes da nossa realidade, que não conhecemos ou não compreendemos totalmente. Mas aos poucos estamos tendo mais acesso: a arte africana começa a aparecer pelo mundo em exposições, feiras e prêmios e seus artistas ganham cada dia mais o prestígio que merecem.
Em 2015, por exemplo, o francês André Magnin foi curador de uma exposição de arte congolesa na Fondation Cartier. A exposição foi estruturada de maneira bem didática, com obras em ordem cronológica, tudo entremeado por cabines de áudio onde tocavam músicas do país, com suas traduções e explicações. Outros exemplos de visibilidade são a feira 1:54, apenas de arte africana, criada em 2013 em Londres, ou a AKAA (Also know as África) em Paris, ou ainda o Armory Show, em NY. Todo ano a feira escolhe um artista para construir sua identidade visual, e esse ano foi Kapwani Kiwanga que nasceu no Canada mas é filha de africanos e trabalha muito com a ideia de diáspora em diferentes mídias: vídeo, instalação, fotografia e performance. No Brasil ainda precisamos de mais ações para nos aproximarmos desse mundo imagético.
O prêmio Hasselblad foi outra grande oportunidade de visibilidade para a fotografia africana. O fotógrafo do Mali, Malick Sidibé, foi o primeiro africano a ganhar o prêmio, em 2013. Foi um fotógrafo atuante nos anos 60, com um forte registro documental do cotidiano de Bamako e de sua vida noturna. Retratista da sociedade, Malick tinha um estúdio na capital onde fotografava seus costumes, sua moda e sua cultura, em imagens em preto e branco. Todos passaram por seu estúdio, desde o agricultor, o músico, o jovem que começava a fumar, as amigas… E as imagens aparecem de maneira leve, cúmplice, certeira em composição e beleza.
As imagens de seu estúdio são importantes pois testemunharam um momento de orgulho e efervescência do país. Aquele momento pós independência (o Mali foi colônia francesa até 1960) onde todos acreditavam no futuro e explodiam com projetos e sonhos. Quando o Mali recriava sua identidade, Sidibé fotografava a transformação em imagens espontâneas e descontraídas. Mais do que isso, seu estúdio é relatado como um ponto de encontro e de discussão para a comunidade local. Ali todos se sentiam bem, retratados de maneira simples e direta.
E terminando com um pouco de música boa para entrar no ritmo.
1 comentário
Amei a música fazendo parceria com o post! E adorei descobrir um pouco mais sobre a fotografia africana!! Obrigada! 🙂