A feira de fotografia Paris Photo é o acontecimento incontornável do mercado de fotografia. Primeira feira de arte dedicada exclusivamente ao meio fotográfico, semana passada o Paris Photo apresentou sua 21a edição. Desde 1997, ela acontece anualmente em espaços prestigiosos, primeiramente no Carrousel du Louvre e agora no enorme espaço do Grand Palais. Ano passado, em 4 dias de feira, teve mais de 50 mil visitantes. Desde 2013, ela se aventurou no novo mundo e abriu uma filial em Los Angeles, nos EUA, para criar mais vínculo com o grande mercado americano como um todo. O sucesso das duas feiras é inquestionável.
Esse ano a feira apresentou mais de 180 galerias e editoras de livros de fotografia, de uns 30 países, que apresentaram trabalhos fotográficos tanto modernos quando contemporâneos. Um grande panorama da história da fotografia e do que anda se clicando (e vendo) pelo mundo. Pelo menos essa é a ideia, infelizmente a prática de uma grande feira de arte é um pouco diferente da teoria. Sem tirar o mérito de ser o grande encontro mundial de fotógrafos, galeristas e colecionadores de fotografia, o Paris Photo caiu em sua própria armadilha.
Ao expandir-se e tornar-se a maior feira de fotografia do mercado, o Paris Photo hoje funciona como um grande centro comercial. Com o custo alto para produção e participação da feira, a pressão e a correria, as galerias não conseguem inovar, nem investir em originalidade. Resultado: vemos muito do mesmo – o que vende – ou obras apenas para chamar a atenção. É obvia a crescente fadiga por parte dos galeristas, artistas que acabam tendo que produzir ao invés de criar, e público.
Com esse crescente enfoque financeiro nas feiras em geral, ainda temos o efeito “evento”, que tanto importa nos dias de hoje. Esse ano a cantora Patti Smith fez a curadoria da Gagosian (além de apresentar suas próprias imagens) e Karl Lagerfeld foi a figura da feira para comemorar os vips, fazendo tour selecionados e escolhendo dentre as galerias os trabalhos que mais lhe agradava. É sempre assim, de um lado os colecionadores que querem as melhores festas, as salas vips e o champagne, do outro, o público que quer ver os rostos famosos, as roupas da moda, as assinaturas vedetes… E no meio disso tudo, ostentação, futilidade, dinheiro e pouca diversidade e assombro com a arte.
Mas a feira Paris Photo 2017 teve algumas pérolas escondidas. As casas de edição estavam originais, e aqui penso na editora mexicana RM e no único stand brasileiro dividido entre as editoras Livraria Madalena e Bazar do Tempo. Fotolivros que eram trabalhos por si só, e não mera ilustração das fotografias. Grandes nomes da fotografia, menos midiáticos, estavam expostos em algumas galerias, como Joel Peter Witkin, Dora Maar ou Georges Rousse. De novidades, eu descobri os retratos e naturezas mortas contemporâneas de Olivier Richon, o caos organizado de Marja Teeuwen, o russo modernista Boris Ignatovich e a retratista Andrea Torres. Afinal, entre galerias asiáticas, latinas, americanas, européias e africanas, as descobertas existem.