Retratos de família sempre foram um grande tópico na fotografia, ao longo de sua história. Guardamos com eles memórias de nossa infância, de nossos antepassados, das datas felizes que dividimos com pessoas queridas… Mas o que faz um álbum de família impresso no computador ser diferente de imagens de família expostas em museus e galerias? As vezes pouca coisa…
Não estou aqui para fazer juízo de valor. De jeito nenhum! Outro dia vi uma entrevista do fotógrafo brasileiro César Barreto na série fotográfica No Olhar muito interessante. Ele dizia que raramente víamos um virtuoso da fotografia, como Mozart foi na música, por exemplo. Porque para ser um bom fotógrafo precisamos construir uma visão de mundo, um discurso em torno da nossa experiência, e isso exige tempo e vivência.
É preciso observar, discutir, tentar e (re)tentar, aprender e (re)aprender.
É preciso se emaranhar no objeto, no contexto, na ideia. É preciso ir além do mostrar ou apenas representar. A fotografia vai muito além, ela comunica. Álbuns de família guardados na estante (ou no computador) cumprem uma função maravilhosa. Mas o fotógrafo nesse caso apenas documenta um evento familiar. Ele não fotografa uma visão de mundo, mas apenas uma passagem de tempo.
Alain Laboile, um fotógrafo francês, fotografa sua família no interior da França. Pai de 6 filhos, Alain tem muito assunto para retratar. O que vemos em suas imagens é uma presença do seu olhar dentro da imagem. Ele vai além do documento, tirando fotos universais e atemporais sobre uma família. Temas como o crescimento e a infância, são fotografados de forma livre e sincera. Suas reflexões ultrapassam as imagens e se comunicam com todos – objeto, espectador e fotógrafo – questionando liberdade, nudez, ser, amadurecer… A imagem não é mais de uma família francesa, mas de um ser humano, como eu e você. Com seus medos, desafios e sorrisos.