Andanças pelos arquivos da Magnum ou a fotografia de guerra

O pouco conhecido espaço Le Bal em Paris, mixto de café e espaço expositivo totalmente dedicado a fotografia, exibiu uma linda exposição sobre o arquivo da histórica agência fotográfica MagnumMagnum Analog Recovery. Afinal, esse ano a Magnum completa 70 anos! À curadora, Diane Dufour, é dada a tarefa de percorrer as caixas no sótão da agência e pinçar preciosidades entre fotos nunca antes publicadas e bilhetes e notas, entre fotógrafos e editores, esquecidos há tantos anos. Através de suas descobertas, vamos desvendado emocionantes histórias de bastidores. Acima de tudo, muito do processo criativo e das dificuldades enfrentadas pelos fotógrafos é revelado de maneira sensível e arrebatadora nas imagens e depoimentos.

 

 

Viramos testemunhos das abordagens contraditórias da profissão de fotojornalista, dos embates éticos, políticos, morais, pessoais e sensíveis diante da guerra, da injustiça, da brutalidade e até mesmo do frívolo. Um por trás de cena, permeado com dúvidas e tensão, da parte deles, fotógrafos, e da nossa parte, espectadores, também testemunhas de um assunto sempre atual e gritante nos jornais e sites de hoje em dia.

 

Depois de Budapeste eu não quis cobrir nenhuma outra revolução ou guerra. Antes, eu pensava, como Capa, que ao fotografar nós conseguíamos mostrar o verdadeiro rosto du mundo, e ter uma certa influência, mesmo que pequena, sobre o comportamento e o rumo da política. Porém, todo jornalista aprende em algum momento, mais ou menos longo, que essa ideia é falsa – as mais terríveis fotografias de guerra não terminarão com a guerra. Ao mostrar a revolução, você não está ajudando a revolução, nem ao contrário; você está apenas documentando. E eu não tenho nem mais certeza que seja importante documentar na medida em que isso não muda absolutamente nada. E eu me pergunto se um documento que não muda nada pode ser considerado um documento válido. – Erich Lessing

 

Erich Lessing, Budapest Revolution, 1956

 

Essa imagem foi usada durante a campanha do presidente Nixon para mostrar que ele podia se opor aos soviéticos… Eu gosto muito dessas imagens, mas não tenho orgulho da finalidade pelas quais elas foram usadas – mas o que eu podia fazer? Eu sou apenas o fotógrafo. – Elliot Erwitt

 

Elliott Erwitt, USSR, 1959.

 

Durante uma guerra é necessário odiar ou amar alguém, tomar partido, senão é insuportável o que acontece ao seu redor. – Robert Capa

 

Gilles Peress, Telex Iran, 1979/1980
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