A fotografia rompendo muros e barreiras

Hoje existem 63 muros [fronteiriços] no mundo. Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, havia 15 – então podemos dizer que a sociedade moderna está construindo muros entre as nações. – Alessandro Grassani

 

Lembro da festa mediática e da minha festa pessoal quando o Muro de Berlim foi posto a baixo. Lembro das aulas de história e geopolítica também, que falavam dos horrores desse muro e de tantos outros que na minha cabeça tinham ficado no passado das páginas dos livros. E assim, ingenuamente, me espantei em saber o quanto ainda temos (e aumentamos) de barreiras físicas e visíveis. Mesmo que ao observar em torno seja óbvio as inúmeras barreiras invisíveis.

 

O fotógrafo italiano, Alessandro Grassani, resolveu iniciar um projeto fotografando os muros ao redor do mundo: A wall in between. Através dos obstáculos visíveis, ele quer escancarar o invisível: como o medo, a incompreensão e o ódio. Usar a imagem do muro para escancarar os diversos tipos de muros. E assim, reconhecer uma situação para juntos pensarmos numa saída. Sair dessa ignorância com fatos e fotos, ajudar a sensibilizar a sociedade e quem sabe diminuir as incertezas, os medos e os tijolos.

 

Alessandro Grassani, A wall in between, Mexico – US, 2016

 

Não é a toa que o projeto anterior de Alessandro foi sobre os migrantes ambientais – Environmental migrants: the last illusion . Um fenômeno mais recente que os imigrantes políticos, mas não menos sério, e que também lida com barreiras. São projetos que se cruzam o tempo todo. Pessoas deslocadas, sem voz, sem imagem, não reconhecidas, barradas, que passam por diversos obstáculos visíveis e invisíveis. O fotógrafo quer dar uma voz ao que não é falado. E uma imagem ao que se escolhe não ver.

 

A. Grassani, Environmental migrants: the last illusion, Mongolia, 2011

 

A. Grassani, Environmental migrants: the last illusion, Bangladesh, 2011

 

Alessandro trabalha com projetos longos, mergulhando em questões humanas e criando oportunidades de outras histórias serem contadas. Nada mais importante que diversificar os discursos, os pontos de vistas, as histórias. Só assim a gente passa a entender o outro, pois os pré conceitos são dispersados, e passamos a realmente conhecer o outro, descobrindo que somos todos humanos em nossas diferenças e que não precisamos de muros.

 

Uma utopia? Talvez. Mas uma coisa é certa, o mundo pode ser incerto e a vida caótica, mas não serão mais muros que irão melhorar essa sensação, muito pelo contrário, irão apenas reforça-las.

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