Luigi Ghirri, mapas e territórios

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Conheci o fotógrafo italiano Luigi Ghirri (1943-92) nessa exposição no IMS-Rio em 2014. Me apaixonei, comprei catálogo, pesquisei e teria escrito aqui sobre ele se na época já tivesse esse cantinho para pensar um pouco mais sobre a fotografia. Hoje visito outra retrospectiva do grande fotógrafo no Jeu de Paume em Paris, e aproveito para relembrar a minha primeira impressão.

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Topógrafo de formação, Ghirri começou tardiamente como fotógrafo de fim de semana nas ruas de Modena, Itália. Fotografava cenas comuns, simples das ruas, lojas e bairros da cidade, sempre em cor. Suas imagens são frontais, diretas, sempre usando lentes normais, sem zoom ou objetivas, e com o humano em segundo plano (são apenas passantes). É um homem de seu tempo, tendo seu olhar captado sobretudo pelas mudanças de sua era: as novas formas de entretenimento, de comunicação e de moradia. Esse é o personagem principal de suas imagens: a cidade em transição.

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@Luigi Ghirri, Orbetello, 1974

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@Luigi Ghirri Atlantida, 1973

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Com pouca tradição fotográfica na Itália, Ghirri buscou inspiração em outros movimentos artísticos, em suas viagens, fotógrafos internacionais como Paul Strand e Edward Steichen e na sua formação de topografia. Em sua série “Atlantida”, por exemplo, ele fotografa mapas de um atlas de perto descaracterizando a representação do território e criando novos lugares mais ligados à imaginação. Em outra de suas séries, “Paisagens de cartão”, ele mostra a ambigüidade da imagem fotográfica na representação da realidade. Em “Kodacromo” expande para os sinais, cartazes e painéis que habitam o urbano e como interagimos com tantas referências visuais.

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“Eu me interesso pela arquitetura efêmera, pelos objetos considerados de mau gosto, kitsch, mas que, para mim, nunca foram, são objetos carregados de desejos, sonhos, memórias coletivas […]”. – Luigi Ghirri

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@Luigi Ghirri Rimini, 1977

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Luigi Ghirri tem um fascínio pelas representações do mundo: suas reproduções, imagens, cartazes, modelos e mapas, e com a maneira como essas representações se encaixam no mundo. Pois são símbolos com uma dimensão estética e política. Estética porque formam superfícies coloridas surpreendentes que refletem um sonho difuso de conforto e segurança. E política porque traduzem um projeto de sociedade baseado no consumo em grande escala e no culto do mercado.

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Ou seja, Ghirri apesar de ser um homem de seu tempo, e um italiano de Modena, foi direto à essência das mudanças de nosso tempo, no mundo. Temas que ainda são atuais hoje, pois estão muito mais presentes e em muito mais abundância. De maneira extremamente sutil e elegante, ele objetiva o que é tão complicado.

*A exposição “Luigi Ghirri, mapas e territórios” fica em cartaz no Jeu de Paume até 02 de junho de 2019.

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@Luigi Ghirri Modena, 1973
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