Noémie Goudal é uma fotógrafa francesa baseada em Londres que constrói paisagens imaginárias e as fotografa. Como assim? São diferentes séries que trabalham o mesmo conceito de real e imaginário e quais os limites entre eles. Tudo parece ser extremamente real em seus cliques. E algumas imagens são, como as fotos dos bunkers abandonados nas praias francesas após a segunda guerra mundial. Outras são construções feitas em papelão, que ela dobra, cola e monta. Outras ainda, são construções digitais de várias imagens que formam um único complexo arquitetônico. Em última instância, ela quer desafiar o espectador a procurar onde está a realidade: onde ela para e onde a construção começa.
Espero que minhas fotos ofereçam um espaço em que possamos falar sobre a paisagem e sobre a relação entre ela e o homem. – Noémie Goudal
Noémie engana o senso de percepção do espectador e sugere edifícios ou paisagens dentro de outras paisagens. Camadas infinitas para aos poucos irmos vislumbrando nosso próprio imaginário e perspectiva. Ficamos entre a alucinação e o fato, numa longa dúvida. E entendendo, ou sem entender a construção da foto, nos perdemos nessa imagem onírica e passamos mais tempo nela.
A fotografia é um jogo. Um título, um enquadramento, tudo pode enganar. Se encontrarmos o ângulo certo, o espectador é sempre confundido. – Noémie Goudal
Mas isso seria um problema? Não, pelo contrário, acredito que Noémie coloque como uma solução. O truque fotográfico vem para aguçar os reflexos, os pensamentos, os sentimentos e os questionamentos. Diferente do “instante decisivo” de Cartier-Bresson, Noémie cria uma instalação fotográfica, com diferentes camadas na imagem, que por isso se alonga. Suas fotografias são como um palco onde vários momentos se juntam e o espectador pode visitar e revisitar, contando cada vez uma história diferente. Não é um lugar que você captura por um segundo, é um lugar onde você pode ficar.