Vamos ganhar o céu e voar ?

Há exatos 112 anos, em Paris, Santos Dumont voava com seu “avião” 14 bis e ganhava a alcunha histórica (pelo menos no Brasil) de pai da aviação. Desde sempre, o ser humano sempre quis ganhar os céus e voar.

 

A Maison Rouge, centro de arte contemporânea independente, do colecionador francês Antoine de Galbert, fez sua última exposição em Paris sobre o tema “O Voo”. Como podemos perceber, é um tema bastante amplo, mas muito interessante de explorar. Hoje em dia, cada vez menos olhamos para o céu.

 

Mas será que isso significa que voamos menos?

 

La Maison Rouge, L’envol, 2018

 

A exposição da Maison, como vemos acima, trabalhava com diferentes mídias: fotografia, vídeo, pintura, escultura, desenho… Misturava invenções “malucas” e objetos etnográficos, misturava tempo e espaço. Mas reunia tudo na ideia do tema “voar” e mostrava o desejo de tantos artistas de ir além. E ao acompanhar esse pot-pourri expositivo, descobríamos o desejo latente e as interpretações possíveis da vontade humana de voar.

 

A primeira fotografia aérea, por exemplo, foi feita com uma pipa em 1888. E foi uma grande descoberta. Abriu, literalmente, o olhar e o campo de visão. A pintura bebeu dessa fonte, mudando composições, e muitos fotógrafos no início do século XX exploraram a visão das nuvens. Hoje temos os drones, que também surpreendem os observadores contemporâneos.

 

Alfred Stieglitz, Abstraction, 1920

 

Mas existem outros tipos de viagem… Os movimentos, dos animais e dos corpos humanos, são uma outra maneira de alcançar voo pela fotografia. Assim como o movimento da dança e de seus leves dançarinos que saltam e voam pelo palco. Com um olhar mais simbólico, podemos nos arrebatar nos mistérios do universo e voar pelo espaço com extraterrestres e corpos celestiais. Ou ainda pelo inconsciente humano com os surrealistas e dadaístas. Voar também significa se embrenhar de magia e de surpresa.

 

Outros artistas exploram os voos da imaginação, da rebeldia, da coragem, da alma. Menos palpáveis, mas tão perigosos quanto o azul do céu. Como Ícaro, tantos artistas se jogam, sem medo, nos mistérios da arte da imagem. E essa permaneceu sempre cúmplice.

 

Dieter Appelt

 

Yves Klein, Leap into the Void

Na mesma onda / À lire aussi

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *