Fotografia e ficção em Paraty

Começa hoje, na cidade de Paraty, que em si mesma já mistura a narrativa de cidade de praia com o peso da história da colônia, o festival de fotografia Paraty em Foco com o tema: Fotografia: documento e ficção.

 

“(a fotografia é) imagem ao mesmo tempo real e virtual. Registro fidedigno e imaginário. Materialidade e fabulação”. – site do festival

 

Iniciado em 2005 pelo italiano Giancarlo Mecarelli, o festival chega em sua 13a edição perpetuando seu histórico de difusão, formação, divulgação e construção de uma linguagem fotográfica e visual brasileira. Já passaram pelo festival nomes como Cristiano Mascaro, Thomaz Farkas, Claudia Jaguaribe, Thomas Hoepker, Miguel Rio Branco, Pieter Hugo, Alex Flemming, David Alan Harvey, Evandro Teixeira, entre tantos, tantos outros. Afinal, são 13 anos de festival, com 5 dias de eventos por ano que incluem palestras, workshops, projeções, encontros, ações sociais, leilões e muitas exposições pelas calçadas, fachadas, pousadas, igrejas, espaços culturais, bares, restaurantes…

 

Helenbar, Vitoriano, 2004

 

Com mais de 200 festivais de fotografia pelo mundo, e novos que surgem a cada ano, as possibilidades são enormes, mas podem assustar diante da magnitude de possibilidades. Para o fotógrafo, os festivais são muitas vezes cruciais para fazer contatos valiosos e descobrir as novas tendências do mercado. Mas o mais importante são as trocas realizadas durante o festival. Imersos numa pequena cidade charmosa como Paraty, respirando, vendo e ouvindo sobre fotografia, fotógrafos e simpatizantes acabam tendo uma oportunidade enriquecedora e única de se inspirar. Essa pausa no cotidiano, e na loucura da criação de um trabalho fotográfico, propicia questionamentos sobre o objeto fotografado, os meios de aproximação, as técnicas, o público, a relação com a imagem, sua materialidade e plasticidade.

 

Ao decentralizar o mercado fotográfico dos grandes centros (Rio e SP) para uma cidade do interior (Paraty), o festival envolve a deslocalização de uma rede de profissionais pré-existentes: curadores, críticos, artistas, público. Isso permite criar uma interface entre esses diferentes atores que legitima e valoriza não só os artistas, mas também a prática fotográfica.

 

Em época de crise e dificuldades no universo cultural, nada melhor do que voltar ao cotidiano com energia renovada e o entusiasmo transformado pelas possibilidades inspiradoras da fotografia.

 

Bruno Bernardi, Paisagem Movediça,

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