O que você vê?

Sem querer me estender muito, todos já olharam para o lado e tenho certeza que estão percebendo o aumento de intolerância, medo e racismo, no Brasil e no mundo. Em algumas palavras, Inglaterra que vota sua saída da União Europeia, mais um ataque terrorista na Turquia, na França, atentado de Orlando… Enfim, não vou enumerar aqui todas as últimas manchetes.

Mas essas notícias me lembraram uma palestra no MAR – Museu de Arte do Rio – onde alguém falou uma frase sobre os refugiados (tenho que melhorar meus métodos de anotação, não sei mais quem disse isso) .

 

OS REFUGIADOS SÃO CORPOS, E NÃO-IMAGENS.

 

Hoje em dia, a imagem é totalmente e absolutamente visível, transparente. Mais do que isso, hoje somos “vistos” e representados mais por imagens que por corpos. Online e off-line, somos imagens pornográficas que não escondem nada, sem mistérios. Perfeitas, pensadas, posadas e clicadas.

 

tudo precisa acontecer na tela, sob esse dedicado materialismo da visibilidade do mundo.

 

Corpos são sobras, estatísticas, simbolicamente invisíveis.

 

Voltando a nossa frase de efeito, se os refugiados são corpos e não-imagens, eles perdem seus direitos, sua humanidade, pois sem as imagens não existimos no mundo de hoje.

 

Mas existimos.

 

c2a9-omar-imam-_live-love-refugee_-i-was-afraid-when-its-calm

“I was afraid when it was calm, when they checked to see who had passed away and who was injured. I felt safer in the midst of the shelling. I preferred to sing or listen to music when it was calm.” © Omar Imam

 

 

c2a9-omar-imam-live-love-refugee-my-wife-is-blind-i-tell-her-stories

“My wife is blind… I tell her the stories of her favorite TV series and sometimes change the script to create a better atmosphere for her.” © Omar Imam

 

 

Toda as imagens desse post são do fotógrafo sírio Omar Imam, tiradas de refugiados sírios no Líbano, país que conta com mais de 1 milhão de exilados. O link, as imagens e suas histórias são imperdíveis. http://arabdocphotography.org/project/live-love-refugee

Na mesma onda / À lire aussi

2 Comentários

  1. Me faz pensar na importância da fotografia como mola propulsora da exposição das feridas humanas. A circulação da foto do menino afogado numa praia da Turquia foi um soco no estômago da humanidade, e acabou trazendo à tona (pro mundo ocidental, obviamente) a calamidade da situação dos refugiados.
    É o poder da arte de tocar e transformar vidas.

    1. Sim, é o poder da arte de aproximar, de mostrar que temos muito em comum. Entre crianças, sonhos, e anseios, somos menos díspares do que imaginamos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *