Hoje em dia vamos em uma exposição e muitas vezes não sabemos para o que olhamos, seria uma fotografia, uma performance, uma documentação? Tentamos inserir o trabalho artístico em alguma casinha mas muitas vezes é simplesmente impossível.
Em torno de 1960, as “verdades” fotográficas foram duramente postas em questão. As vanguardas artísticas históricas quebraram com o formalismo e o purismo da fotografia moderna e a inseriram na contemporaneidade. O vernaculismo da fotografia dá lugar a uma maior experimentação, uma linguagem menos direta e menos rebuscada. Esses questionamentos acontecem menos através dos fotógrafos e mais por artistas do campo das belas artes. Andy Warhol e Yves Klein, entre vários outros, fundem a fotografia com outras mídias e descobrem novas percepções além da testemunhal. Com isso a fotografia entra no mundo da arte contemporânea onde não existe uma hierarquia pré estabelecida dos papeis de cada mídia, e onde todas as artes se misturam em diversas narrativas.
Aos poucos os fotógrafos vão misturar as mídias e os diferentes conceitos estéticos e artísticos em seus trabalhos. Vai ficando cada vez mais perceptível uma hibridez entre vídeo, foto, instalação, digital, performance, escultura, pintura, etc. Com isso, surge uma série de questões que nos faz pensar sobre os limites que o próprio mercado impõe às artes. Como catalogar obra e artista, para qual departamento do museu a obra deve ser adquirida, em qual nicho de mercado vender o trabalho, qual nomenclatura dar ao artista…? Será que no fim das contas importa. Para a arte com certeza não, mas para o mercado e suas instituições é outra história. E como um não anda sem o outro…