Desconstruindo os cartões postais

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A fotógrafa francesa Elsa Leydier depois de se formar na escola de fotografia de Arles, e viajar pelo mundo, resolveu se mudar para o Brasil. E é através da fotografia, que ela vive esse deslocamento territorial e identitário. Com um olhar agudo, ela discute em suas imagens toda complexidade brasileira que não é mostrada no exterior. Sua preocupação é fugir do clichê e das imagens dos cartões postais.

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Ela está longe de ser a turista tradicional!

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A jovem artista se interessa justamente pelo que não é dito; pelo o que está na margem, fora dos limites e longe dos esteriótipos. Seu trabalho mistura a fotografia com diferentes mídias, como jornais e colagens. E ela nem sempre está atrás da câmera. Em sua série “Esgotados” de 2014, por exemplo, ela utilisa imagens de cartões postais de índios em uma colagem com selos comemorativos da Copa do Mundo no Brasil. Uma crítica à ganância dos jogos de futebol e a pouca importância dada à cultura tradicional indígena. Enquanto os selos arrecadaram milhões de reais, o Museu do Índio, perto do Maracanã, foi destruído para dar lugar a restaurantes e lojas para os turistas da Copa.

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@elsa leydier, esgotados, 2014

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@elsa leydier, #elenão, 2018

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Uma de suas últimas séries fotográficas é calcada na eleição de Jair Bolsonaro: “#elenão”. Aqui ela apresenta imagens associadas à palavra “Brasil” encontradas na internet, as relaciona com o discurso de ódio profanada pelo nosso atual presidente e as altera por um processo de glitching. Resultado: belas imagens desconstruídas. Os cartões postais coloridos, alegres e purpurinados, são modificados através de um discurso anti-democrático. O que temos são fotografias simbólicas de um país em crise.

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Para os que estarão em Paris, até dia 20 de abril, a artista apresenta um pouco do seu trabalho na galeria Intervalle com a exposição “Transatlántica”.

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@elas leydier, braços verdes e olhos cheios de asas
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Dica de exposição no Rio de Janeiro

Nova exposição no IMS mostra a diversidade brasileira

O Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro apresenta a exposição Modernidades Fotógraficas, 1940 – 1964 durante todo o ano de 2016. Os curadores Ludger Derenthal, do Kunstbibliothek em Berlim, e Samuel Titan Jr., do IMS, escolheram 4 fotógrafos com olhares bastante diferentes sobre uma mesma época: a modernidade. Época essa de formação para a fotografia brasileira e para o país como um todo. Historicamente, foram os anos da construção e inauguração de Brasília, o país vivia uma euforia nos ramos da urbanização, educação, arte e imprensa. O pensamento progressista e moderno das artes, com características brasileiras e não apenas das vanguardas européias , impulsionou o cinema, o teatro, a literatura e a fotografia.

 

exposição ims

 

São mais de 160 imagens expostas dos 4 fotógrafos: o brasileiro José Medeiros, o francês Marcel Gautherot, o húngaro Thomaz Farkas e o alemão Hans Gunter Flieg. As temáticas variam muito: imagens da construção de Brasília, da urbanização do Rio de Janeiro, de produtos em estúdio, de arquitetura e paisagens brasileiras, de publicidade, dos ritos baianos de candomblé, de marcos históricos de Minas Gerais… Cada fotógrafo tem um estilo característico que permeia a exposição mostrando a diversidade de um rico e grande país em formação.

 

As fotografias são todas em P&B numa montagem minimalista e acertada. Visita mais que recomendada.

 

ims2

 

Para mais informações: http://www.ims.com.br/ims/visite/exposicoes/modernidades-fotograficas-1940-1964-ims-rj

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