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Pessoalmente, a arte é minha terapia. É o que me trás leveza nessa vida tão dura, é o que me ajuda a acreditar na humanidade, é o que me guia para eu me entender, é o meu meio de resistência e meu meio de amor também. Infelizmente, nos dias de hoje, pareço meio (totalmente) maluca para muitos que brandam que arte é algo supérfluo. Apenas um desperdício de tempo e recursos.
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Para esses, afirmo apenas que estão errados. Ou melhor, nem sou eu que afirmo, são dados, fatos e outras tantas pessoas “malucas” como eu. O filósofo e grande empreendedor, Alain de Botton, por exemplo, escreveu um livro em 2013 entitulado “Arte como terapia”. Na época do lançamento do livro, uma exposição foi organizada no tradicional museu holandês Rijksmuseum. Alain “espalhou” notas amarelas ao longo do museu que lembravam post-its. Anotações que mostravam para o público como a arte está muito mais próxima do que imaginamos. Ela fala de nossas vulnerabilidades, nossos medos e nossas ansiedades. E claro, nos ajuda a lidar com eles.
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“A arte não precisa apenas nos mostrar como as coisas são, mas também pode nos dar uma ideia de como as coisas poderiam ser – pode apontar esperançosa, encorajadora ou às vezes severamente, em uma boa direção.” – Alain de Botton
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Para além do seu livro, Alain fala da arte como uma forma de aprender a lidar com a ansiedade, a política, o amor, o eu, as relações cotidianas, entre tantos problemas que temos no nosso dia-a-dia. Pois é, a arte ajuda a conscientizar sobre os problemas grandes que nos envolvem a todos, como a ecologia, o racismo com as minorias, a questão de gênero, certas doenças estigmatizadas, a morte, o papel da mulher, etc.
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“A arte é uma mentira que te faz enxergar a verdade”. – Pablo Picasso
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O professor e historiador Howard Zinn, que escreveu o livro “Artistas em tempo de guerra“, diz que é somente através da arte e suas brechas que o poder pode ser desconstruído. Arte é liberdade, é utopia, então inspira mudanças. Como o slogan americano dos anos 70 contra guerra do Vietnam. Artistas, através da música, pintura, literatura e fotografia iniciaram uma verdadeira resistência ao governo americano. Ou fotógrafos como a chilena Paz Errázuriz que retratou todo a contra cultura oprimida durante a ditadura no Chile. Deu voz e rosto, diante de incertezas políticas e econômicas globais, a pessoas marginalizadas pelo governo.
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A arte salva aquelas que a fazem, aqueles que são retratados e também aqueles que a apreciam. Como já falei algumas vezes, a fotografia serve de ponte, ligando as pessoas, as situações e até mesmo a nossa humanidade. Outros ângulos são representados, outras histórias contadas, outras soluções mostradas, que nos aproximam e mostram caminhos possíveis. Que nos salvam!
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