Campanha solidária Fotos Pró Rio. Participe você também!

(*foto de capa Nair Benedicto e texto original no site do Iandé aqui)

“Fotos Pró Rio” é o nome da ação solidária criada por grandes nomes da fotografia carioca: o festival de fotografia FotoRio, os espaços culturais Ateliê Oriente, Retrato Espaço Cultural e Galeria Aymoré. Essas instituições se uniram para lançar esse projeto de vendas de fotografias para a cidade do Rio de Janeiro. Além de ajudar os fotógrafos participantes, vítimas latentes dessa pandemia sanitária e política, a campanha também ajudará 3 ONG’S cariocas: Jongo da Serrinha, Solar Meninos de Luz e Redes da Maré.

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Junte-se a essa campanha solidária e linda!
 

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O projeto foi inspirado em outras campanhas solidárias que foram feitas pelo Brasil e pelo mundo (em Bergamo na Itália, por exemplo) para ajudar o combate ao COVID 19. Só para listar algumas campanhas, no Brasil tivemos o “150 fotos por São Paulo”, “150 fotos pela Bahia”, “Fotos por Minas”, POA 150 fotos”, “96 Awery – povos indígenas BA” e ainda em andamento temos “Fotografias pelo Ceará”, “Olhar Potiguar”, “Fotografia que mandaver- AL”, entre tantas outras.  O diferencial do “Fotos Pró Rio” é que os convidados são os curadores e não os artistas. Foram chamados 82 curadores que por sua vez chamaram até 5 artistas cada, totalizando mais de 450 artistas participantes. Cada curador cria sua linha curatorial, convida os artistas, que só podem participar de uma curadoria.

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O lançamento foi feito através de uma live no instagram do projeto, no dia internacional da fotografia, dia 19 de agosto. A live, comandada pela Gabriela Davies, passou pelos diversos organizadores que explicaram todos os detalhes da campanha. Foi mencionada a importância da ação e a beleza em ver juntos mais de 500 curadores, artistas e fotógrafos de várias geracões, culturas e tempo de carreira em prol de uma bela ação. A campanha vai até dia 18 de outubro e conta com a participação de nomes fortes da arte e fotografia brasileira além de novos artistas brasileiros e internacionais como Rosangela Rennó, Ana Bella Geiger, Cabelo, Evandro Teixeira, Walter Firmo, Bob Wolfenson, entre muitos e muitos outros.
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Fernanda Tafner, curadoria Ioana Mello

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Pessoalmente, fico muito feliz de ter sido chamada como curadora e criar uma curadoria que vá de encontro com o trabalho que faço: um diálogo entre culturas. Os artistas que convidei, e que tão gentilmente aceitaram, são Fernada Tafner, Elsa Leydier, Benjamin Travade, Julio Villani e Shinji Nagabe. A sensação é de tentar agir em meio ao caos, reunindo boa arte, novos olhares e uma ação solidária frente a difícil e atual situação. Espero que todos entrem nessa roda solidária ou ciranda de afetos, como disse a fotógrafa Nana Moraes.  *Mais informações e a lista de curadores, artistas e imagens no site fotosprorio.com

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Muitas histórias no encontro das favelas e da fotografia

Antoine Horenbeek

Esse mês teve no MAR, no Rio de Janeiro, o encontro final da primeira edição do Favelas em Foto.

Mas o que é o Favelas em Foto?

 

É uma resistência, é uma vontade, são muitos olhares e muitas histórias. É uma tentativa, acertada, de unir num mesmo espaço a fotografia da periferia e todo o debate e aprendizado que surge dessa ação. Qual o papel dessa produção fotográfica dentro das favelas frente às narrativas tradicionais, generalistas e hegemônicas das grandes mídias e do Estado? Como os fotógrafos da periferia podem quebrar a história única que é preservada por questões políticas e econômicas? E além disso, como preservar esse importante registro documental e social de dentro para fora que cria mais visões e histórias ligadas ao cotidiano e à memória das lutas sociais por direitos.

 

Antoine Horenbeek, Favelas em Foto – Dona Marta

 

É o direito de cada território e movimento social contar sua própria história a memória como um bem comum. – Luiz Baltar, fotógrafo

 

Praticamente, o Favelas em Foto é uma série de encontros de fotógrafos, ativistas, ONGs e amantes da fotografia, em torno dessas questões. Ao longo desse primeiro semestre de 2018, eles se reuniram em 4 comunidades do Rio de Janeiro: Providência, Vila Kennedy, Manguinhos e Santa Marta. O encontro final dessa primeira edição foi no MAR dia 11 de agosto de 2018.

 

E foi muito emocionante!

 

André Mantelli

Entre depoimentos, falas, testemunhos, histórias e trocas, todos naquele auditório perceberam a força do olhar da periferia. Numa fala muito importante, JP Ripper, fundador, em 2004 na comunidade da Maré, da Escola de Fotógrafos Populares (EFP), diz que o olhar da periferia sobre ela mesma tira o sentimento de pena que temos olhando de fora. Ao mostrar sua vida, suas batalhas, sua felicidade, em pé de igualdade com qualquer outro território mundial, revela olhares para além do pré-formatado. E aprendemos a não cair nos clichês e o quanto somos ignorantes visualmente e cheios de ideias falsas. Então chega de pena ou de trocados, é com mais câmeras fotográficas para a periferia poderá continuar a escancarar suas próprias histórias. E que elas alcancem cada vez mais longe.

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Imagens de folia, de resistência e de pertencimento

Muitos projetos fotográficos se desenvolveram ultimamente com o intuito de resistir através do olhar. Como já discutimos aqui, a imagem é, sobretudo nos dias de hoje, um elemento poderoso do discurso do poder, podendo corroborar a ideologia que quisermos. Existem muitos olhares, e é importante dar espaço a todos, justamente para deixarmos cada um escolher a sua verdade.

 

Com a necessidade de mostrar seus próprios olhares sobre o carnaval em favelas e subúrbios, um coletivo de fotógrafos independentes começou, em 2013, a registrar as manifestações culturais carnavalescas menos mediatizadas. Formados pela Escola de Fotógrafos Populares*, esses fotógrafos montaram o projeto Folia de Imagens que desconstrói vários pré-conceitos, tabus e clichês, do carnaval da periferia, que tanto foram perpassados pela grande imprensa no poder.

 

Eduardo Santos

 

Aqui saímos da praia de Copacabana e dos grandes blocos das estrelas da Globo. O importante não é a pele bronzeada, a menino escultural ou a musa do verão, é a história carioca, o patrimônio cultural e os pontos relevantes de cada ano, como ano passado, em 2017, que o feminismo e a crise política ganharam destaque. Não há generalização nas fotos, aqui os blocos longínquos da Zona Sul e marginalizados pela grande mídia são retratados em sua totalidade e não apenas quando há mortes ou brigas.

 

AF Rodrigues

 

O registro da folia é feito de forma democrática com o intuito de redefinir a identidade e fortalecer o pertencimento de todos. Entre os vários fotógrafos que participam, temos Léo Lima, por exemplo, que desenvolve uma pesquisa imagética com os moradores do Jacarezinho, temos também AF Rodrigues e Elisangela Leite com uma vasta documentação sobre o bloco da lama, ou a greve dos garis em 2014 pelas lentes de Luiz Baltar ou ainda o olhar menos estigmatizado de Fabio Caffé sobre os bate-bolas.

Independente do bloco, existe o cuidado com o reconhecimento de cada grupo, com a preservação de uma memória e com a importância de múltiplos discursos e olhares.

 

Fabio Caffé

Daniel Barreiros

 

*A Escola de Fotógrafos Populares foi fundada pelo fotógrafo João Roberto Ripper em 2004 como uma formação em documentação fotográfica, edição, digitalização e arquivamento digital para residentes e estudantes universitários de comunidades populares do Rio de Janeiro, Niterói e Baixada Fluminense.

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Vamos falar sobre mulheres e a imagem?

Durante o mês de junho, o Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, está com uma programação bem interessante de debates sobre as mulheres e a imagem. Mais do que interessante, uma discussão necessária!

Já rolaram três mesas até a publicação desse post. Dentre elas, uma sobre o processo de criação e identidade da YVY- mulheres da imagem, em que fui mediadora. Não sou uma pessoa muito politizada, ou melhor, sou muito politizada, mas nunca consegui sentir o lado mais espiritual da política. Sinto na arte, e na fotografia, e acredito que com a arte podemos melhorar o mundo, e ajudar a democratização.

 

Nova logo – YvY, mulheres da imagem

 

A mesa que participei foi bastante interessante, por vários motivos. Normalmente, em debates ouvimos mais sobre o resultado e menos sobre o processo. Essa mesa foi muito cativante pois focou no processo de criação, de organização, nos propósitos em discussão, as dificuldades e os anseios em pauta. Através de inúmeros depoimentos de mulheres presentes me surpreendi e me envolvi na busca por algo maior, por um sonho ideal e coletivo de igualdade e justiça. Pela primeira vez, entendi a política como um caminho também espiritual.

 

Um sonho? Sim. Mas que elas estão trabalhando muito para tornar uma prática. Vamos nos juntar?

 

Os três pontos que mais me chamaram atenção foram:

  1. uma organização horizontal. Diferente da organização vertical tão difundida na sociedade patriarcal, porque não tentar uma outra alternativa mais igualitária e criativa.
  2. o discurso pela representatividade. Apesar da mesa em questão não ter muita representatividade, o projeto quer e procura mais representatividade de mulheres, e pessoas que se identificam enquanto mulheres, de todo o Brasil.
  3. A arte como arma de luta coletiva através da melhor arma que temos: a imagem.

 

Mais informações sobre ações e encontros da YVY – mulheres da imagem no facebook.

Abaixo a programação completa do ciclo de debates do FotoRio, Mulher em Foto:

Cada mesa acontece de 17 às 19h, no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro.

 08/06: Fotógrafas brasileiras na foto de 6 Nov 2016 – com Andreas Farias, Bruna Prado, Luciana Macedo, Simone Marinho e Wania Corredo – Mediação: Marcella Marer.

09/06: YVY – Mulheres da Imagem – Organização: Marizilda Cruppe, com Bárbara Cunha (PE), Claudia Ferreira (RJ), Flávia Correia (AL), Isabella Lanave (PR) e Maíra Cabral (MG) – Mediação: Ioana Mello.

10/06 – Débora 70 – “Trajetória” e Fernanda Chemale – “Rastros d’Eus” – projeção com debate – Mediação: Cristina Zappa.

13/06: Fotógrafas Pretas – com Fernanda Dias, Lita Cerqueira e Valda Nogueira (Imagens do Povo) – Mediação: Thaís Rocha.

20/06: Mulher, fotografia e história – com Maria do Carmo Rainho, Thereza Bandeira de Mello e Mariana Muaze – Mediação: Silvana Louzada.

22/06: Fotografia pública e as mulheres – Ana Maria Mauad (LABHOI / UFF)

27/06: Fotógrafa: Rua, Polícia e Comunidade – com Jussara Paixão (fotógrafa da Polícia Civil), Márcia Foletto (O Globo), Thaís Alvarenga (Coletivo Negras[fotos]grafias) – Mediação: Silvana Louzada.

29/06: Relato de Experiência com Claudia Ferreira – fotógrafa, autora dos livros: Mulheres em Movimento e Marcha das Margaridas.

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Dicas de cursos de fotografia no Rio de Janeiro

Muitas pessoas me pedem dicas de cursos de fotografia. Um curso de fotografia possibilita aprender técnicas novas, ver outros olhares, escutar diversas teorias e sobretudo dialogar com pessoas interessadas na imagem, sejam eles professores ou amadores. Essa troca é extremamente enriquecedora para entender melhor a imagem, seja na hora do enquadramento ou do observar.

 

Vamos começar com os cursos no Rio de Janeiro ou online, porque conheço melhor. Mas em breve, novo post com cursos em outros lugares também.

 

  • Ateliê Oriente: num apartamento super charmoso na Glória, 6 fotógrafos se juntaram para criar um lugar agradável em torno da fotografia. Eles oferecem cursos, palestras, concursos, exposições, livros sobre fotografia, e ainda um espaço de coworking. Para todos os gostos e bolsos pois algumas atividades são grátis e outras pagas. O grupo ainda lançou uma residência para fotógrafos em Tiradentes, durante o festival Foto em Pauta, que está em sua segunda edição.

 

Thiago Barros, Ateliê Oriente

 

  • Ateliê da Imagem: é um dos mais antigos lugares para estudar e pensar a fotografia no Rio – desde 1999 – e ainda está localizado numa bucólica casa na Urca. Conta com uma biblioteca, uma extensa grade de cursos de fotografia, de iniciação a aperfeiçoamento, passando por temáticas como movimento, estúdio… Além disso, conta com uma galeria, prêmios fotográficos e manifestações artísticas ligadas à arte, toda sexta-feira.

 

Ateliê da Imagem

 

  • EAV (Escola Artes Visuais do Parque Lage): A escola do Parque Lage trabalha com um discurso mais aberto de imagem, passando pela fotografia, imagem em movimento, vídeo, pintura… É um lugar agradável no Jardim Botânico, com inúmeros profissionais das artes disponíveis para um diálogo sobre teoria, curadoria, história e práticas. O espaço ainda conta com inúmeros eventos durante o ano, feiras de arte, exposições, manifestações, bienais, sempre em mente a experimentação e transformação através da arte.

 

Ana Dalloz, Ateliê Oriente

 

Online:

  • MOMA: o MOMA se juntou ao cursera e oferece vários cursos online ligados à fotografia e arte em geral. Um muito bom é o curso “Olhando através das fotografias”, um percurso por diferentes enquadramentos e discursos imagéticas ao longo da história da fotografia. O bom desses cursos online é que você faz de casa, no seu tempo e ritmo. E o melhor, existe um auxílio financeiro disponível para quem não têm condições de pagar a taxa financeira.

 

 

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