A icônica exposição “Family of Man”

“Family of Man” foi uma exposição marcante apresentada no MOMA em 1955. Com curadoria de Edward Steichen, grande nome da história da fotografia e já citado aqui no nosso blog , essa exposição rodou mais de 37 países, 150 museus, por anos a fio, atraindo mais de 10 milhões de visitantes. Ainda hoje ela pode ser vista, imitando a montagem original, no Castelo de Clervaux, Luxemburgo, país natal de Steichen.

 

Mas o que essa exposição tem de tão impressionante?

 

A exposição focou nos traços comuns entre os homens: o que aproxima as diversas culturas e povos ao redor do mundo, em oposição ao afastamento e às diferenças atiçadas durante a Segunda Guerra Mundial. Essencialmente, a ideia era mostrar o que nos torna uma humanidade. No contexto do fim da guerra, e durante a guerra fria, as imagens formavam uma tentativa de suscitar uma ligação entre os homens, dilacerados pela agressiva luta global e ainda lidando com a ameaça constante das bombas atômicas. Através de imagens de gente como a gente, em todos os cantos do mundo, a exposição queria promover a paz.

 

Elliott Erwitt, 1953

 

 

Só existe um homem no mundo e seu nome é Todo Homem

Só existe uma mulher no mundo e seu nome é Toda Mulher

Só existe uma criança no mundo e o nome dessa criança é Toda criança.

– Carl Sandburg

A cenografia da exposição também foi inovadora para época, pensada por Paul Rudolph, instigava o visitante a ver as fotografias de maneira humanista. Divididas em temas iguais a todos – amor, nascimento, carreira, habitação, morte – as imagens contavam uma história única e comum a todos. Além disso, foram montadas de maneira a sair das paredes e entrar ativamente no percurso do público, com impressões grandes e variadas em tamanho formavam murais ao longo das paredes, sendo exibidas inclusive no teto.

 

 

Dorothea lange, 1936

 

 

A grandeza de “Family of Man” continua nos numerosos e famosos fotógrafos que participaram. A mostra conseguiu reunir 503 fotografias de 273 fotógrafos de 58 países, como Dorothea Lange, Ansel Adams, Diane Arbus, Richard Avedon, Hiroshi Hamaya, Robert Doisneau, Nora Dumas, Brassai,  Manuel Álvarez Bravo… Foram muitos olhares dialogando sobre diferentes situações e emoções cotidianas de todos os continentes. Apesar de em sua maioria serem dos EUA e Europa, os fotógrafos narram histórias da América, Oceania, África, Ásia e Europa.

 

 

 

A fotografia comunica igualmente para todos ao redor do mundo. É a única linguagem universal que nós temos, a única que não precisa de tradução. – Edward Steichen

 

Muitos críticos acharam a idéia de “Family of Man” bem intencionada mas ingênua: imagens pouco profundas que não acrescentaram ou mudaram realmente a humanidade. Imagens simplistas que não explicam o mundo complexo e contraditório em que vivemos. Verdade. Mas de alguma maneira foi uma tentativa de através da fotografia pensar novos caminhos e novas representações que nos englobem a todos.

 

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1 comentário

  1. Talvez uma ideia simplista seja a que mais toque a alma daqueles que estão acostumados às complexidades da guerra, do ódio, da violência. Talvez o simples seja, simplesmente, a melhor saída.

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